quarta-feira, 19 de outubro de 2011

" Mostrando a ruda força que se estima"

É com uma grande tristeza que vejo uma Grande Instituição que foi o Regimento de Artilharia de Costa, votado ao total esquecimento e abandono pelo Estado, um património histórico que podia ser preservado para turismo militar, conforme existe noutros países.


Um bem-haja a todos os Camaradas Artilheiros, que passaram e deram todo o seu melhor pelo RAC, tanto em tempo de guerra, como em tempo de paz, pois eu, apesar de ter sido Infante, sinto-me um pouco, não "Artilheiro", mas sim "artilheiro".

O património, com o tempo, vai desaparecer.
Por esse facto, sinto -me na obrigação de não deixar morrer as memórias de todos aqueles Camaradas que por lá passaram.
Uma vez Artilheiro, Artilheiro para sempre.


Descrição do Regimento de Artilharia de Costa:

O Regimento de Artilharia de Costa (RAC) era uma unidade do Exército Português com a missão de assegurar a defesa costeira dos acessos aos portos marítimos de Lisboa e de Setúbal. O regimento baseava-se em batarias fixas fortificadas instaladas ao longo das costas da Península de Setúbal e da Linha do Estoril, equipadas com peças pesadas de artilharia naval, montadas em torres couraçadas de curto, médio e longo alcance. O RAC foi desactivado em 1998.

História

A Artilharia de Costa em Portugal remonta, pelo menos, a 1381 - durante o reinado de D. Fernando I - altura em que foram usadas, as primeiras bocas de fogo para defender Lisboa contra o, possível, ataque das esquadras navais castelhanas.
Durante os séculos seguintes, foram instaladas bocas de fogo de defesa costeira em inúmeras fortificações ao longo da costa portuguesa, inclusive nas ilhas e no ultramar.
No entanto, só em 1911 é que a Artilharia de Costa se individualizou como um dos ramos da Arma de Artilharia do Exército Português. Os militares da Artilharia de Costa da guarnição do Campo Entrincheirado de Lisboa irão participar na Primeira Guerra Mundial em unidades de artilharia do Corpo Expedicionário Português e, sobretudo, no Corpo de Artilharia Pesada Independente que operou, em França, peças navais super-pesadas montadas em vagões ferroviários.
Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, a Marinha Portuguesa assume parte da artilharia de costa, operando em batarias desembarcadas, em Portugal Continental, Açores, Madeira e Cabo Verde, algumas das quais chegam a entrar em acção contra submarinos alemães.
A Segunda Guerra Mundial volta a levar a criar a necessidade de reforço da defesa da costa portuguesa.
Nos Açores, sujeitos a uma ameaça de invasão tanto por parte da Alemanha Nazi, como das Forças Aliadas, são instaladas batarias de costa fortificadas nas ilhas de São Miguel, Faial e Terceira.
É também instalada, batarias de artilharia de costa na Madeira e em Lourenço Marques, actual Maputo em Moçambique.
A seguir à Segunda Guerra Mundial, uma comissão luso-britânica, coordenada pelo general britânico Barron, desenvolve um plano de defesa costeira da região de Lisboa.
O chamado "Plano Barron" prevê um Comando de Defesa de Costa responsável pela coordenação de dois sectores de defesa de costa: a norte, como protecção da  foz do rio Tejo e o porto marítimo de Lisboa e a sul, como protecção da foz do rio Sado e o porto marítimo de Setúbal.
Em cada um dos sectores de defesa de costa existiria um grupo de artilharia de costa de contra-bombardeamento, um grupo de artilharia de costa de defesa próxima, uma rede de telemetria e observação, uma zona de projectores de descoberta, além de faixa de minas, defesas interiores dos portos e fundeadouros para fiscalização. Os grupos de artilharia de costa seriam compostos de batarias fixas instaladas ao longo das margens do Tejo, do Sado e da Península de Setúbal.
Entre 1948 e 1958, as batarias previstas no Plano Barron tornaram-se operacionais, a maioria das quais foi instalada em fortificações compostas por casa-matas e paióis subterrâneos e armadas com peças navais de grande calibre instaladas em torres couraçadas.
Entretanto o Comando da Defesa Costeira passou a designar-se "Regimento de Artilharia de Costa", ligado ao Exército português.
Com a desactivação das várias batarias de costa independentes das ilhas e com o antigo Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa a passar a ter apenas a valência de artilharia antiaérea, em 1976, o RAC passa a ser uma única unidade de artilharia de costa do Exército Português.
Assumiu assim, além das suas funções operacionais, a função de escola prática de artilharia de costa. Entretanto, o material de tiro manteve-se o mesmo, só sendo modernizados os sistemas de detecção e de direcção de tiro.
Com a urbanização das zonas onde estava instalada a maioria das batarias, as mesmas foram sendo desactivadas. Finalmente, em 1998, o próprio RAC foi completamente desactivado.
Organização e equipamento
O Regimento de Artilharia de Costa incluía:
• Comando - em Oeiras.
• Grupo Norte, incluindo:
o 1ª Bataria - em Alcabideche, com 3 peças Vickers de 234 mm
o 2ª Bataria - na Parede (Cascais), com 3 peças Vickers de 152 mm
o 3ª Bataria - na Lage (Oeiras), com 3 peças Krupp de 150 mm
o 4ª Bataria - no Forte do Bom Sucesso(Belém), com 2 x 2 peças Vickers de 152 mm.

• Grupo Sul, incluindo:

o 5ª Bataria - na Trafaria, Raposeira I/II, com 3 peças Krupp de 150 mm.
o Forte da Alpena, como paiol de munições, anexo à 5ª Bateria.
o 6ª Bataria - na Raposa (Fonte da Telha), com 3 peças Vickers de 234 mm.
o 7º Bataria - em Outão (Serra da Arrábida), com 3 peças Vickers de 152 mm.
o 8ª Bataria - em Albarquel, Setúbal com 3 peças Krupp de 150 mm.

As Batarias do Casalinho e do Moinho da Desgraça, ambas em Setúbal, serviam, não só como posto de comando e observação, mas como um reforço do poder de fogo da Bataria de Albarquel tendo sido, as mesmas, desactivadas, entre os anos 50/60, por isso não constam como Batarias do RAC.
A Bataria do Casalinho, ainda, possuiu 6 peças Krupp de 280 mm, cujo alcance das mesmas, chegava a, cerca de 50 km, hoje já não se encontra lá nenhuma.


Fontes:
- Wikipédia


Fotos:

   Todas as fotos publicadas nas publicações seguintes deste blog, foram gentilmente cedidas por todos os Camaradas, que tiveram a Honra de servir no RAC, e que já fazem parte da história desta Grande Instituição que foi o Regimento de Artilharia de Costa.
   Um bem-haja a todos Vós, e que continuem sempre, 
"Mostrando a ruda força que se estima".

Recomendo que visitem o excelente trabalho do nosso camarada artilheiro Miguel Teixeira.
fica aqui o link:

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